Para quem não sabe, atuo como professora da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Os docentes entraram em greve nas últimas semanas, lutando por melhorias nas condições de trabalho (menor quantidade de alunos em sala de aula, apoio ao ensino com crianças especiais etc.) e um reajuste digno no salário (o atual prefeito ofereceu 3,68% por ano, de reajuste). Depois de muitas negociações, poucas conquistas conseguimos e vencidos pelo cansaço, os professores voltaram às suas escolas nesta segunda-feira.
Li esta reportagem sobre a educação da Finlândia hoje e gostaria de compartilhar com vocês. Já tinha conhecimento que a Finlândia tem um dos melhores índices educacionais do mundo, mas a novidade pra mim é que, para eles, a qualidade está centrada no professor. Nossa utopia!
Que um dia nosso governantes tenham esta consciência e que, independente de partido político ou disputa partidária, a educação deve estar acima de todas as coisas, assim como o exemplo da Finlândia.
Quem sabe um dia, sejamos todos nós os vencedores pelo cansaço?!
Que a esperança e a luta nunca terminem...
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No país que está entre os melhores em rankings de educação, docentes dão aula em só uma escola e têm liberdade de avaliar
Na análise de quaisquer que sejam os rankings de educação, é
praticamente certo que a Finlândia - país nórdico de cerca de 5 milhões
de habitantes (mesma quantidade de alunos da rede estadual de São Paulo)
- esteja presente nas primeiras posições. Por ter um dos melhores
sistemas de ensino do mundo, representantes do Ministério da Educação do
país foram convidados a vir a São Paulo para detalhar o modelo que pode
servir de inspiração ao Brasil. O evento foi promovido pelo Colégio Rio
Branco e pela Embaixada da Finlândia.
Em entrevista ao Estado, Jaana Palojärvi,
diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, disse que a
principal "receita do sucesso" tem a ver com o trabalho do professor,
cuja profissão é valorizada e muitos jovens querem segui-la.
A valorização da carreira dentro da própria sociedade foi
observado pela educadora Esther Carvalho, diretora-geral do Colégio Rio
Branco, que visitou o país em duas ocasiões. "Mesmo não sendo um dos
mais altos salários pagos em comparação com outros países europeus, lá o
professor tem um prestígio social. Isso é evidente", fala Esther.
Ao observar o ranking do Programa Internacional de Avaliação
de Alunos (Pisa) de 2009 - realizado pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) -, o país ficou na 3ª melhor posição,
entre mais de 65 países. O Brasil acumulou a 53º posição.
O que mais chama atenção no seu modelo educacional, é a
descentralização administrativa das escolas - professor tem poder para
remodelar o currículo de seu grupo de alunos -, há pouco dever de casa e
as crianças não são expostas a quantidades excessivas de conteúdo. Uma
realidade bastante distinta de países asiáticos como Coreia, líder do
Pisa. O sistema coreano é reconhecido por exigir bastante dos alunos na
escola e fora dela.
Na Finlândia, manter um ambiente propício à aprendizagem,
tendo o professor como figura central desse processo é o principal foco
do Estado, que financia completamente o ensino básico.
O Estado de S. Paulo - É fácil ser professor na Finlândia?
Jaana Palojärvi - É das profissões mais
populares no país. Por isso, nos preocupamos em selecionar bem os
profissionais. Apenas 10% dos candidatos que pretendem entrar na
universidade para serem professores conseguem fazer o curso. E não se
pode ser professor na Finlândia sem ter mestrado.
No Brasil há déficit de professores de Química, Física e Matemática. Faltam esses profissionais na Finlândia?
Nossa situação é diferente. É fácil para nós termos professores, pela grande procura. Só em Matemática é um pouco mais difícil.
Professor em seu país dá aula em mais de uma escola?
Sabemos que os professores brasileiros fazem isso, mas não na
Finlândia. Lá, o docente dá aula em apenas uma escola. Geralmente fica
com o mesmo grupo de alunos, acompanhando-os por cerca de 6 anos.
Qual o salário médio dos docentes?
Eles não são nem mal pagos nem tão bem pagos. O salarial
inicial de professor de ensino fundamental é de cerca de € 3.000 (R$
7.860) por mês.
Qual é o tamanho da carga horária nas escolas finlandesas?
Temos uma das cargas horárias mais curtas do mundo. Nos anos
iniciais do ensino fundamental, por exemplo, os estudantes ficam entre 3
e 4 horas na escola apenas.
Então, eles levam muito dever escolar para casa?
Nós não somos muito defensores da tarefa de casa. A
quantidade que passamos para os nossos alunos é baixa. É um sistema
diferente de países asiáticos, que passam muita tarefa.
Como são feitas as avaliações?
Na educação básica não temos uma avaliação nacional. Em cada
sala, o professor é quem decide como avaliar seus alunos. Não
acreditamos muito em testes e controle, focamos mais no aprendizado.
Temos um sistema bem descentralizado.
No Brasil, o currículo do ensino médio está sendo
repensado. A ideia é enxugar a quantidade de disciplinas que podem
chegar a 13. Como é o currículo na Finlândia?
Atualmente estamos reformulando o nosso currículo para
distribuir melhor os horários de aulas na educação básica. Estamos
colocando especial atenção à disciplina de Artes. Queremos impulsionar
cada vez mais a criatividade das nossas crianças.
Quem define o currículo?
À nível nacional, desenhamos apenas o esqueleto. É no nível da
escola que são definidos as especificidades. Algumas escolas por
exemplo, tem um perfi que dá mais destaque a aulas de música, por
exemplo. As escolas podem incluir cursos extras à seu critério.
E como a tecnologia é utilizada no aprendizado?
Existem escolas que trabalham bastante com a tecnologia aplicada
à educação e outras que nem tanto. Mas no geral, as escolas
finlandensas estão mais interessadas no processo não no meio. Não
importa se os professores utilizam papel ou aparelhos tecnológicos. O
mais importante é a qualidade do aprendizado.
Com que idade os alunos finlandeses aprendem a ler?
Nós não esperamos que aprendam a ler antes dos 7 ou 8 anos. As crianças precisam ser crianças.
No Brasil, há críticas quanto a descontinuidade de políticas públicas. Esse problema é enfrentado pela Finlândia?
No início da década de 70 conluimos um intenso debate sobre
mudanças no nosso sistema educacional. FOi uma revolução. Mas depois
disso, não importa se o governo é de direita ou de esquerda, não foram
modificadas até hoje as bases dessa mudança.
No País, existem professores queixam de excesso
de alunos por sala. Algumas turmas chegam a ter mais de 40 alunos. Qual é
a situação da Finlândia?
Temos menos de 20 estudantes por
sala nos anos iniciais do ensino fundamental. Nos outros níveis da
educação básica o número não ultrapassa 25 estudante. Nós nos
preocupamos bastante com classes com muitos alunos. Sempre incentivamos
escolas localizadas em grandes cidades com grande quantidade de alunos a
reduzirem o número de estudantes por sala.
Qual a grande mensagem que a Finlândia pode oferecer ao Brasil?
A qualidade e a equidade são os pontos mais importantes.
Independentemente da cidade e do bairro em que estejam localizadas as
escolas, elas devem oferecer uma boa educação para todos os alunos. Isso
é fundamental.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na-finlandia-a-profissao-de-professor-e-valorizada-,1035943,0.htm