sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

USP, Unicamp e Unesp terão cotas por desempenho

O governo de São Paulo apresentou ontem seu projeto para aumentar para 50% a presença de estudantes de escolas públicas nos cursos das universidades paulistas (USP, Unicamp e Unesp). 
A proposta não prevê reserva direta de vagas. O aluno só será beneficiado se demonstrar alto desempenho acadêmico, ainda que haja risco de que o posto não seja ocupado por um egresso da rede pública de ensino.
O modelo é diferente do adotado nas universidades federais, onde 50% das vagas da graduação serão garantidas a alunos da rede pública -mesmo que as notas deles na seleção sejam mais baixas.
Na proposta desenhada pelos reitores paulistas, os 50% aparecem como uma meta, a ser atingida até 2016 e que pode deixar de ser cumprida caso as políticas de auxílio não tenham o efeito esperado.
A expectativa é que 35% dos beneficiados sejam pretos, pardos e indígenas. 

AÇÕES
Para atingir a meta de 50%, o projeto prevê duas ações.
A primeira é a criação de curso preparatório semipresencial, de dois anos, oferecido a alunos selecionados pelo Enem ou pelo Saresp.
Ao final do curso, chamado de "college", o aluno com o equivalente a nota 7 receberá um diploma superior. Quem quiser seguir os estudos poderá entrar nos cursos de graduação, sem vestibular.
Além disso, será dada uma bolsa mensal de R$ 311 aos alunos de baixa renda participantes desse curso.
O "college" terá 2.000 vagas (sendo mil para pretos, pardos e indígenas). Caso todos os alunos se formem e queiram entrar nas universidades, eles representarão cerca de 40% da meta para 2016.
Os outros 60% deverão ser preenchidos com política de atração de bons alunos da rede pública, cujas ações não estão definidas. Algumas estratégias existentes, como bônus nos vestibulares a esses estudantes, serão mantidas.
A proposta foi elaborada pelos reitores a pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que está pressionado pela política federal de inclusão no ensino superior.
A ideia é reduzir a distorção do sistema educacional: enquanto mais de 80% dos alunos do ensino médio estudam na rede pública, eles são minoria nessas universidades.
A proposta terá de ser aprovada pelos Conselhos Universitários. A previsão é implantar as regras em 2014. 


Professor da USP critica curso semipresencial para cotistas

 Ex-membro do Conselho Nacional de Educação, o professor titular de metodologia de ensino da USP, Nélio Bizzo, critica o curso de dois anos ser feito de maneira semipresencial e afirma que a definição de escola pública para cotas tem de ser revista. Acompanhe a entrevista que ele forneceu à Folha de São Paulo!!!

 

Folha - Qual o problema com cotas para escola pública?

Nélio Bizzo - Sou a favor das cotas, mas, quando falamos em escola pública, pensamos que todas são de periferia. Existem escolas públicas de elite que têm vestibulinhos concorridos, que não deixam de fazer uma triagem socioeconômica dos alunos. 

Como isso poderia ser ajustado?
Deve-se focar as escolas públicas que sejam frequentadas por quem se procura favorecer. É importante discutir o perfil do aluno que quer favorecer, e não o tipo de escola que frequenta. 

Por que o sr. não aprova o curso inicial de dois anos para alunos cotistas?
Partimos de um ponto que acho válido --os alunos chegarão com um preparo inferior. Mas o fato de o curso ser semipresencial é ruim. O aluno, que deveria ter uma atenção redobrada, não vai ter. Esse curso deveria focar mais a preparação do estudante. Dessa forma, isso não acontece.

 


 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Novos números sobre o comportamento de crianças na web


O comportamento de crianças e adolescentes na internet tem sido pauta de estudos e pesquisas que alertam sobre os perigos a que muitos estão expostos. A Fundação Telefônica Vivo divulgou recentemente uma pesquisa realizada no Brasil com 1.948 crianças, entre seis e nove anos, e com 2.271 jovens entre 10 e 18 anos, que revelou que 64,2% dos entrevistados aprenderam a navegar pela internet sozinhos.
Com o tema Gerações Interativas Brasil: Crianças e Adolescentes diante das telas, a pesquisa aponta que na maioria das vezes 58,6% das crianças de seis a nove anos acessam e navegam na internet sem a companhia de outras pessoas. Dentre os adolescentes, esse número sobe para 76,5%. Um dado relevante é que o acesso tem sido feito de um computador localizado no quarto da criança (37,6%) ou do adolescente (39,3%). As redes sociais são utilizadas por 82,2% dos adolescentes pesquisados.
No Reino Unido, uma pesquisa semelhante foi realizada pelo Ofcom, órgão regulador das telecomunicações naquele país. Os resultados mostram que crianças entre 12 e 15 anos não conhecem 25% das pessoas que adicionam em suas redes sociais e, embora cerca de 80% dos pais afirmem supervisionar as atividades de seus filhos na web, menos da metade tem algum tipo de controle instalado em seus computadores.
Outro indicador do relatório é que as crianças chegam a enviar uma média de quase 200 mensagens de texto por semana, sendo as meninas entre 12 e 15 anos, as que mais usam esse tipo de comunicação. Elas chegam a enviar por semana uma média de 221 mensagens.
Confira algumas dicas que podem ser úteis para evitar que as crianças e os adolescentes sejam vítimas da violência sexual na internet.


Pais, responsáveis e professores:

  • Aprenda mais sobre a Internet. Conheça como funciona e as possibilidades de seu uso. Navegue sozinho ou com seus filhos. Peça para eles ensinarem a você o que sabem e navegue algumas vezes.
  • Leia sobre o assunto.
  • Aja com cautela, sem pânico, sem preconceitos.
  • Limite o tempo de utilização da Internet por seu filho, independente da idade.
  • Estabeleça regras razoáveis de uso da Internet, que sejam passíveis de serem cumpridas e seja firme na cobrança. Deixe as regras fixadas perto do computador.
  • Saiba onde seu filho navega, que sites freqüenta. Busque e proponha sites educativos de interesse deles.
  • Peça para ler e participe do que ele escreve e o que coloca em seu blog, salas de bate-papo ou de relacionamentos.
  • Instrua seu filho a não divulgar dados pessoais. Aproveite para lembrar a velha regra: “Não fale com estranhos”. Isso pode servir também para a comunicação virtual.
  • Mantenha o computador em uma área comum da casa e com a tela visível.
  • Caso encontre algum material violento ou ofensivo, explique a seu filho o que pretende fazer sobre o fato. Veja referência de sites de denúncia ao final da cartilha.
  • Opte por programas que filtram e bloqueiam sites.
  • Se surgirem dúvidas, verifique. Não ignore qualquer sensação de insegurança. Prevenir nunca é demais.
Crianças e adolescentes
  • Peça sempre permissão para seus pais quando for entrar na Internet.
  • Não converse com estranhos, nem aceite nada deles na Internet sem autorização de seus pais.
  • Nunca use seu nome verdadeiro nos jogos, no Chat, email ou site de relacionamento.
  • Não dê, nem mostre seu endereço, telefone, nome da escola ou dos parentes.
  • Sempre que acontecer algo estranho, chame um adulto de confiança para denunciar.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Alfabetismo Funcional




O Instituto Paulo Montenegro por meio do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), revelou em seu último levantamento no ano de 2011, novos, porém não otimistas, dados sobre as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros.
Segundo a pesquisa, apenas 62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com ensino médio estão plenamente alfabetizadas e em perspectiva, apenas um em cada quatro brasileiros efetivamente domina as três habilidades.

Manchete em diversos veículos de comunicação importantes do país, a notícia causa polêmica porque incita em alguns a necessidade de encontrar os culpados pelo resultado e ainda medir as inevitáveis consequências do mesmo.

Entre as causas, aponta-se o aumento das vagas, muitas vezes sem qualidade, no ensino superior; a má formação dos professores, o pouco investimento em Educação e, ainda, as más condições de um adolescente permanecer na escola. 

Entre as consequências, pensou-se, na maioria dos casos, na situação econômica do indivíduo e do país, em sentido geral.

Acontece que o analfabetismo funcional não relaciona-se apenas com a economia. Obviamente não há como termos profissionais qualificados com índices tão desastrosos, porém; não é possível também que tenhamos a capacidade de consumir literatura de qualidade, escolher e calcular o valor real dos produtos, opinar nos assuntos de nosso interesse, avaliar a qualidade das informações que a mídia, as telenovelas e os políticos nos ofertam, tampouco de nos defender enquanto consumidores  entre tantas outras ações que constituem direitos básicos do ser humano enquanto cidadão.

Como aponta Paulo Freire no livro Ação Cultural para a Liberdade, (Paz e Terra, 1981):

    "Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma 'chaga', nem uma 'erva daninha' a ser erradicada, nem tampouco uma enfermidade, mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta. Ninguém é analfabeto por eleição, mas como consequência das condições objetivas em que se encontra. Em certas circunstâncias, o analfabeto é o homem que não necessita ler; em outras, é aquele ou aquela a quem foi negado o direito de ler."

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

No Dia do Professor, conheça 10 filmes sobre a difícil arte de ensinar

Neste Dia do Professor, o Espaço Educare não poderia deixar de dar o ar da graça, não é mesmo?!... rs.
Hoje, com uma dica um pouco convencional, mas que vale a pena...
Sempre gostei de filmes que tratam o tema educação, exceto aqueles que tem uma abordagem mais romântica e quase nada se assemelham à realidade que nós, educadores, vivenciamos em sala de aula. 

O trabalho é arduo - todos sabemos - e os resultados nem sempre vem no ritmo que gostaríamos. Algumas mudanças só ocorrem depois de muitos anos que aquele aluno passou seus dias letivos com a gente... Mas a semente foi plantada e, um dia... floresce!!!!
Esta lista de filmes que vi no Estadão caracteriza bem esta linha que gosto, particularmente, nestes filmes: a verdade nua e crua. Alguns filmes à prova de "água com açúcar", outros nem tanto...
Às vezes a realidade choca, mas também nos leva a refletir sobre a nossa profissão, nossa missão e com quem trabalhamos: seres humanos, com infinitas situações, contextos e dificuldades.
Professor trabalha...e MUITO! Mas quem disse que seria fácil? 
Não é fácil, e nem deveria ser. Formar um ser humano para um bem comum, para um mundo melhor, com valores, ética e responsabilidade, não é tarefa para qualquer um...
É por isso que continuamos a lutar, apesar das enormes tarefas e responsabilidades que carregamos diariamente: a concretização de um ideal.
E tenho certeza que a maioria dos colegas de profissão que conheço sonham com um ideal: esse é o combustível para continuarmos a jornada, com inspiração e persistência.

Hoje recebi de presente esta frase, de uma mãe de uma paciente da clínica de Psicopedagogia em que trabalho...
" Todo conhecimento começa com o sonho. O sonho nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina, brota das profundezas do corpo, como a alegria brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhes dizer uma coisa: contem-me os seus sonhos para que sonhemos juntos."

Lindo, não é mesmo? 
=)
Feliz dia do Professor, caros amigos... e boa leitura!!!!


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Na periferia de Paris, de São Paulo ou de cidades norte-americanas, professores enfrentam alunos desmotivados e tentam mudar suas histórias

 De colégios internos a escolas da periferia, eles lidam com realidades distintas. Mestres da virtude em outros tempos, professores acuados dentro da própria sala de aula, hoje em dia. Seus alunos chegam carregados de esperança ou, em inúmeras vezes, de problemas, e acabam por despertar-lhes o interesse bem além da sala de aula. 

No Dia do Professor, conheça alguns exemplos de educadores que persistiram superando obstáculos com um único intuito: formar cidadãos melhores. Com métodos tradicionais ou pouco ortodoxos, esse professores fizeram história nas telas - e também na vida, uma vez que alguns dos longas a seguir são baseados em fatos reais.

Ao Mestre com Carinho
(de James Clavell, 1967)
Desempregado, o engenheiro Mark Thackeray (Sidney Poitier) acaba por lecionar em uma escola no East Wend de Londres formada por alunos pobres e sem disciplina. O professor sofre um bocado na mão deles, mas, aos poucos, consegue impor respeito e ganhar a amizade dos estudantes. A canção que leva o nome original do filme, To Sir with Love, da cantora Lulu (que também participa do longa), ficou por cinco semanas no topo da parada norte-americana. Um clássico das sessões vespertinas da TV.

Primavera de uma Solteirona
(de Ronald Neame, 1969)
Na Edimburgo dos anos 1930, a professora Jim Brodie (Maggie Smith) ignora o currículo escolar de um colégio para garotas e ensina suas pupilas sobre o que acredita prepará-las para a vida, como o amor e a arte. Uma das moças, no entanto, a trai e a própria educadora acaba por aprender uma lição da vida. O filme deu a Maggie Smith o Oscar de melhor atriz.
 
Sociedade dos Poetas Mortos
(de Peter Weir, 1989)
O australiano Peter Weir dirige esse drama sobre um professor, John Keating (Robin Williams), que instiga seus alunos a aproveitarem a vida da melhor forma possível, transformando suas vidas por meio da poesia. O longa ajudou a popularizar o provérbio 'carpe diem' (do latim, 'aproveitem o dia'). Filme que revelou três atores que interpretam os pupilos de Keating: Ethan Hawke, Robert Sean Leonard e Josh Charles. 

Mentes Perigosas
(de John N. Smith, 1995)
Michelle Pfeiffer interpreta a professora Louanne Johnson que, após ser hostilizada pelos alunos de uma escola na periferia, aposta em métodos pouco convencionais, como o karatê, para ensiná-los. O longa, baseado em uma história real, ficou famoso pela canção Gangsta’s Paradise, do rapper Coolio.

Ser e Ter
(de Nicolas Philibert, 2002)
O documentário de Nicolas Philibert acompanha a rotina de um dedicado professor, George Lopez, no interior da França. Crianças entre 4 e 11 anos dividem a mesma sala de aula do Ensino Fundamental e aprendem a ler, escrever e se relacionar. Indicado a vários prêmios, como o César, (o Oscar francês), o longa tem sido estudado e mostrado em escolas de várias partes do mundo.
Half Nelson
(de Ryan Fleck, 2006)
Numa escola do Brooklyn, Nova York, frequentada majoritariamente por alunos negros e latinos, o professor Dan Dunne (Ryan Gosling) ensina História e é técnico do time de basquete feminino. Dunne, que é viciado em drogas, deixa a disciplina de lado e se concentra em discutir filosofia e dialética com os estudantes. O filme centra-se em sua relação com Drew (Shareeka Epps), uma aluna de 13 anos frustrada com a vida que leva. Gosling recebeu uma indicação ao Oscar de melhor ator.

Pro Dia Nascer Feliz
(de João Jardim, 2006)
Enquanto nos colégios de classe alta de São Paulo, jovens sentem a pressão dos últimos exames do ano, no grande Rio, interior de Pernambuco ou na periferia paulista, alunos professores desmotivados faltam às aulas, escolas enfrentam situações precárias e alunos transformam o ambiente escolar no único compromisso social que têm na semana. Neste documentário angustiante, João Jardim ajuda a traçar um retrato obre a situação escolar do país. 

A Onda
(de Dennis Gansel, 2008)
O professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) propõe uma experiência a seus alunos para demonstrar como seria a vida em um governo totalitário. Entusiasmados, os alunos e o mestre formam um grupo, chamado de "A Onda". O experimento, no entanto, toma proporções mais sérias e foge ao controle de Wenger. O longa é baseado em uma história verídica que aconteceu em um colégio em Palo Alto, Califórnia, em 1967.

Entre os Muros da Escola
(de Laurent Cantet, 2008)
A exclusão social e a relação entre professor e aluno são temas deste longa que se passa numa área pobre nos arredores de Paris. O protagonista é vivido por François Bégaudeau, que ajudou a adaptar seu livro que continha experiências suas como educador nas sala de aula. Impactante, o longa recebeu inúmeros prêmios, como a Palma de Ouro no Festival de Cannes e a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Preciosa
(de Lee Daniels, 2009)
Pobre, grávida pela segunda vez de um filho do próprio pai e vivendo com a mãe que a agride, Claireece Jones, ou simplesmente Precious (Gabourey Sidibe), trilhava um caminho inescapável para a infelicidade. Em sua trajetória surge, entretanto, a professora Ms. Rain (Paula Patton) que, lecionando para garotas 'fora da curva', faz com que Precious descubra sua auto-estima e lute por um novo recomeço de sua vida. O longa, baseado em fatos reais, conquistou seis indicações ao Oscar e levou dois prêmios: melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante para Mo'Nique, a intérprete da detestável mãe da protagonista.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Crianças aprendem e pensam como cientistas

Vejam esta matéria que li nesta semana!!!
Boa leitura!!!
Bjos a todos =)

Vários estudos demonstram que, já em idade pré-escolar, elas são capazes de tirar conclusões com base em métodos estatísticos e por meio de observações e experimentação individual

Crianças em idade pré-escolar são capazes de tirar conclusões com base em análises estatísticas. Elas também aprendem por experimentos individuais e observação dos colegas. Essas são as características que levaram a pesquisadora Alison Gopnik, do Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley, a concluir que os pequenos têm uma maneira de pensar e aprender muito similar à dos cientistas. 

Prática. No Santa Maria, alunos vão a campo para aprender ciência - Nilton Fukuda/AE

A constatação - que enfatiza a importância das experiências vividas pelas crianças de até 6 anos - pode ter implicações na maneira como se estrutura o ensino infantil. Para se chegar a esse resultado, publicado na última edição da revista Science, Alison fez uma revisão de dezenas de pesquisas anteriores que avaliaram os mecanismos de pensamento das crianças pequenas.
Ela defende que as crianças, mais do que os adultos, são capazes de propor teorias incomuns para resolver problemas. “Esse tipo de pensamento hipotético reflete sobre o que poderia acontecer, e não sobre o que realmente aconteceu. E esse é um tipo de pensamento muito poderoso que usamos na ciência”, diz Alison. Ela completa que a própria brincadeira de faz de conta, aquela atividade espontânea em que as crianças costumam se engajar, é “uma reflexão sobre esse raciocínio e compreensão profundos”.
Mas, como é possível saber que crianças pequenas ou até bebês - que ainda nem têm a fala desenvolvida - tenham a capacidade de fazer análises estatísticas? A resposta vem de experimentos recentes que têm testado a capacidade reflexiva de crianças cada vez mais novas.
Em um deles, por exemplo, bebês de 8 meses mostram-se surpresos quando o pesquisador retira de uma caixa cheia de bolas brancas, contendo apenas algumas bolas vermelhas, uma amostra com a maioria de vermelhas e poucas brancas. Alison observa em seu artigo que é como se os bebês dissessem: “Aha! A probabilidade de isso ter ocorrido por acaso é menor que 0,05”.
Uma das pesquisadoras que atualmente se dedica a essa abordagem é a psicóloga Fei Xu, do Laboratório de Cognição e Linguagem Infantis da Universidade da Califórnia em Berkeley. “Em situações da vida real, estamos sempre em situações de incerteza. Então temos de pensar qual é a probabilidade de algo acontecer”, explica a cientista. “Queremos saber se os bebês têm essa habilidade de raciocínio mesmo antes do aprendizado da linguagem.”
Outras experiências citadas por Alison foram bem sucedidas em demonstrar que crianças também aprendem com suas experimentações individuais, que surgem em meio às brincadeiras, e ainda observando seus colegas. Os mesmos procedimentos utilizados pelos cientistas.
Nova visão. No passado, o entendimento sobre o raciocínio das crianças pequenas era de que elas eram seres ilógicos e só concebiam o aqui e o agora. Hoje, as escolas levam em conta sua capacidade de experimentação. Segundo a psicopedagoga Quézia Bombonato, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, existe a construção do conhecimento e não a simples transmissão de informação.
“É o ato de fazer que, do ponto de vista neurológico, faz com que o conhecimento saia do sistema límbico, de memória a curto prazo, e vá para o córtex, que corresponde à aprendizagem efetiva.”
A educadora Priscila Cantieri, coordenadora de Educação Infantil da Escola Santi, observa que a visão da infância hoje é muito diferente da que se via algumas décadas atrás. “Acreditava-se que a criança era uma tábula rasa e que a gente tinha que transmitir todo o conhecimento para ela”, diz. “Hoje, a escola sempre inicia o conteúdo descobrindo o que as crianças pensam sobre o tema.”
Para a educadora Roberta Bastos Ganan, do Colégio Humboldt, a capacidade de aprender com os colegas também é valorizada nas aulas. “Criamos pequenos grupos para discutir determinado assunto, em que cada um expõe sua opinião e busca chegar a algum conceito.”
Para Alison, deve-se considerar que crianças em idade pré-escolar são cientistas naturais, para ajudá-los a entender os princípios da ciência formal. “A própria ciência pode ajudar a transformar a curiosidade e o brilho naturais da criança em melhor ensino e aprendizado.”
O educador Silvio Barini Pinto, diretor do Colégio São Domingos, faz um contraponto a essa ideia. “Ao trazer o método científico para a pauta da educação de crianças, penso que se promove uma precipitação que pode embotar as experiências sensíveis, tão relevantes no desenvolvimento psicossocial.”

Aos 4 anos, alunos exploram nascente de rio em São Paulo
No Colégio Santa Maria, as crianças são apresentadas ao mundo da pesquisa cedo: aos 4 anos, já exploraram a natureza como cientistas. Munidos de lupa e prancheta, saem em busca de dados em um passeio pelo bosque e em uma visita à nascente de um rio no terreno da escola.
A professora de ensino infantil Eliane Lima, docente há 22 anos, diz que antigamente havia a impressão de que a criança pequena não tinha capacidade cognitiva de aprender. “Os estudos avançaram e concluiu-se que as crianças têm um potencial muito grande. Elas têm teorias provisórias acerca dos temas que entram em choque com a teoria dos amigos. Elas tabulam essas informações e selecionam o que é efetivo. Assim constroem seu saber.”


Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,criancas-aprendem-e-pensam-como-cientistas,938414,0.htm

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cães e outros bichos-terapeutas ajudam ser humano a cuidar da saúde


A cada dia que passa, as terapias alternativas vem ganhando espaço no tratamento de distúrbios e necessidades de crianças, adolescentes e até adultos. Uma delas, que está conquistando muita força, é a terapia com animais. Li em uma reportagem interessantíssima desta semana, sobre este assunto que, eu particularmente, não conhecia muito bem... Fiz um apanhado de três reportagens sobre o tema e, resumidamente, contarei para vocês as supresas que tive!



 Por que animais?
O denominador comum a todas as terapias com bichos é a facilidade de estabelecer vínculos com os animais e o conforto emocional que eles trazem, segundo o fisioterapeuta Vinícius Ribeiro, diretor da ONG TAC (Terapia Assistida por Cães).
As características de cada espécie são usadas para criar diferentes estratégias de tratamento. Por exemplo, aves, como o papagaio, são boas em terapias com autistas. "A criança faz um ruído e a ave imita. É um retorno sensorial muito grande", diz a psicopedagoga Liana Santos.

Tartarugas entram em jogos de tabuleiro para ajudar casos de agitação excessiva e de ansiedade -e haja paciência para esperar o bicho percorrer as casas até chegar ao ponto estabelecido.

Coelhos anões são usados para desenvolver a coordenação motora: segurar aquela bolinha de pelos macia e que não para de se mexer é um ótimo exercício.

As grandes estrelas, no entanto, são os cães. Além da empatia fácil, o hábito cultural de tratar o cachorro "como gente" faz dele um mediador de conflitos. "O animal é um catalisador de emoções, a pessoa expressa seus sentimentos por meio dele: diz que quem está triste, cansado, chateado é o cachorro", exemplifica Ribeiro.
Os cães também podem ser adestrados para objetivos terapêuticos específicos de fazer fisioterapia com o paciente a reconhecer quando a pessoa precisa de afeto.
Em alguns países, há cachorros sendo treinados para serem cuidadores de idosos com Alzheimer. "Eles evitam, por exemplo, que a pessoa saia sozinha e se perca", conta Ribeiro. A presença de um cão também provoca a liberação de hormônios ligados a sensações prazerosas. "Estudos com autistas mostram que o convívio com o cachorro aumenta a liberação de oxitocina, hormônio ligado ao afeto e à interação social", diz o fisioterapeuta.

Mas a cereja do bolo, com certeza, é a EQUOTERAPIA. Além dos efeitos conhecidos no tratamento de pessoas com deficiências, também estão atraindo novos adeptos para a técnica: adultos e crianças que NÃO têm limitações neuromotoras ou cognitivas, mas lidam com outras dificuldades da vida, como estresse, depressão, problemas na escola...
Mesmo para quem não enfrenta essas dificuldades, a técnica é usada como uma forma de preveni-las e, de quebra, dar um gás a mais para os neurônios.
"Andando a cavalo, a pessoa recebe de cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais", afirma a fisioterapeuta Letícia Junqueira, que coordena sessões de equoterapia e equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo.

AÇÃO CEREBRAL

O nome equitação lúdica é dado para diferenciar o trabalho feito com pessoas sem deficiência, mas o princípio de ação é o mesmo da equoterapia, tradicionalmente usada para reabilitação.


Ana Carolina viu na equoterapia uma forma de evitar que Laura, sua filha de 2 anos, passe pelos mesmos problemas de rendimento escolar que os irmãos mais velhos (de 19 e quatro anos) tiveram.
"Quero que ela seja centrada, tenha atenção. Eu pesquisei a literatura e vi que o movimento do cavalo melhora a coordenação, a linguagem, o raciocínio. Estou apostando nisso para colher frutos quando ela começar a escolarização", diz Ana Carolina.

Os ajustes corporais da pessoa para se adaptar aos desequilíbrios causados pelo deslocamento do cavalo mandam sinais nervosos pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Isso gera a formação de novas células nervosas no cérebro.

E há muitas motivações para começar: o aprendizado é feito num ambiente muito diferente e muito mais prazeroso, tirar o paciente do consultório e isso é um motivador e um alívio, tanto para a pessoa, quanto para a família. Outra motivação é a rapidez com que surgem os ganhos motores e psicológicos na equoterapia. Com 12 sessões já fica evidente a melhora postural e de tônus muscular. E esses ganhos não se restringem ao aspecto corporal. Todo ato motor envolve uma transformação psíquica, é claro!

Aprumar as costas, entre outras coisas, eleva a autoconfiança e faz a pessoa respirar melhor -benefícios importantes nos tratamentos contra o estresse e a depressão, segundo a terapeuta ocupacional Luciane Padovani, do centro de equoterapia Camaster, em Salto, interior de São Paulo.

Para Samuel, 5, "Foi amor à primeira vista", diz a mãe, Ana Rosa de Sirqueira, 41.
Por causa da paralisia cerebral, o menino não conseguia nem sustentar a cabeça. Começou a fazer uma sessão semanal de equoterapia e, em poucos meses, teve um desenvolvimento "muito rápido, fora do normal", segundo conta a mãe.
Tanto para reabilitação quanto para outras finalidades, a recomendação é fazer uma sessão semanal, com 30 minutos de montaria. O custo é cerca de R$ 500 por mês. Alguns locais têm tratamento gratuito para deficientes (veja no site da Ande-Brasil).

ONDE ENCONTRAR
Ande- Brasil (Associação Nacional de Equoterapia)
www.equoterapia.org.br
Centro de Reabilitação Camaster
www.camasterequoterapia.wordpress.com
Centro de Reabilitação e Equoterapia Santo André
www.equoterapiasantoandre.com.br
Gati Equoterapia
www.lianaequoterapia.com.br
Jockey Club de SP - Letícia Junqueira
equoterapia@jockeysp.com.br


domingo, 25 de março de 2012

Discalculia : você sabe o que é?


Nunca fui uma das melhores alunas em tudo o que dizia respeito a cálculos, raciocínio lógico... ou seja, em Matemática. Odiava aquelas situações-problema em que o Joãozinho dividia as figurinhas com Pedro ou a Mariazinha que comia algumas maçãs e tínhamos que saber com quantos ela tinha ficado... Ora, o próprio nome já dizia: o PROBLEMA era deles (rs).
Quantas vezes minha mãe perdeu a paciência em me fazer "decorar a tabuada", quantas vezes pedi para meus amigos me ajudarem nos trabalhos de Estatística da faculdade, quantas aulinhas particulares tiveram que ser feitas para me salvarem da recuperação do Ensino Médio. Nunca tive vocação para exatas - ao contrário da área de humanas, que sempre foi a "minha praia".

Pois é, assim como eu, milhares de pessoas também não se dão tão bem com a matemática, pois sempre tiveram dificuldades em aprender e compreender esta disciplina. Ou seja, temos ou tivemos DIFICULDADES.

Dificuldade de aprendizagem é diferente de Transtorno de aprendizagem.
A primeira é uma situação temporária, em que o indivíduo passa por ela em algum momento da vida mas que, com o devido trabalho, é superada. Já o segundo, é uma questão de ordem biológica e genética, em que o indivíduo apresenta alguma lesão, deficiência, distúrbio genético que afeta uma parte do cérebro que o impede de realizar certas tarefas.
A discalculia é muito mais do que uma dificuldade aprendizagem: é um transtorno de aprendizagem. É um problema de origem genética e uma dificuldade inerente ao indivíduo. As causas estão relacionadas com um mecanismo genético multifatorial, interagindo com fatores ambientais que desencadeiam o quadro. A discalculia é um quadro grave, que causa dificuldades nos aspectos mais básicos, como contar, conhecer tabuada, resolver -problemas aritméticos simples, noção de quantidade da grandeza das coisas.
São três os fatores cognitivos mais importantes para a Matemática:
*o senso numérico : por exemplo, olhar para um estádio de futebol e estimar que ali há umas 60 mil pessoas, o famoso "olhômetro". Pessoas com discalculia, possuem dificuldade nesse senso numérico
*as habilidades fonológicas: outras habilidades importantes são as de linguagem, algo comprometido na dislexia. Muitas crianças com dislexia também têm dificuldades com a Matemática, justamente por não conseguir lidar bem com estruturas sonoras das palavras.
*memória de trabalho: quando realizamos uma operação, precisamos manter os produtos e os resultados intermediários na mente para fazer essas operações.
Apenas 30% das crianças com discalculia têm uma discalculia pura. Dois terços delas têm discalculia associada – com a dislexia, com dificuldades na leitura, com TDH, ou com dificuldades de concentração. As crianças com discalculia pura são aqueles com a forma mais grave da doença. São justamente essas crianças que têm dificuldade com a noção de grandeza e de quantidade. É uma coisa muito mais incapacitante, porque na vida prática é preciso estimar o tempo que você vai levar para tomar banho, para ir de um lugar a outro, a quantidade de comida usada para fazer uma refeição…
A frequência é mais ou menos a mesma da dislexia, em torno de 5% a 6% da população. A questão é que as pessoas, socialmente, acham que a Matemática é difícil e que é natural ter dificuldade.
O pesquisador da UFMG Vitor Haase organiza primeira grande pesquisa sobre discalculia no Brasil e orienta:

"Se o professor acha que a criança tem uma dificuldade que é mais grave, deve encaminhá-la para uma avaliação neuropsicológica. Uma coisa importante é – quando há uma criança com desempenho considerado insatisfatório – constatar se ela tem uma dificuldade de aprendizagem mesmo ou se o problema é de “ensinagem”. Ou seja, se o currículo, ou mesmo a atitude do professor, não está sendo a mais favorável, no sentido de promover a aprendizagem daquela criança."


E é aí que entra o trabalho do psicopedagogo!!!!
Segundo o pesquisador, a questão do tratamento é o das intervenções psicopedagógicas. Existe um componente motivacional importante que há de de trabalhar com a família e com a professora. Eles geralmente têm atitudes negativas com a criança. Acham que ela é lerda, burra, malcomportada e tem pouca expectativa. Com a criança também é preciso trabalhar o aspecto motivacional, porque a dificuldade crônica de aprendizagem é extremamente desmotivante. Uma das estratégias usadas é a aprendizagem sem erro, que consiste em programar o currículo de maneira tal que a criança consiga dar conta de resolver o problema com pequeno esforço. Nesse aspecto motivacional, se trabalha também com técnicas de autoinstrução – ensinar a criança a ter uma atitude mais reflexiva, de monitorar seu comportamento ao resolver problemas, de checar, de ver se a solução atingida foi a correta ou não.


 O que essa criança é capaz ou não de fazer? Trata-se de uma dificuldade ou um possível transtorno? Devo rotular esta criança antes de ouvir a opinião de outro profissional?
A docência reflexiva e crítica é um aspecto importante que o educador deve levar para sempre em seu trabalho. A criança não aprende por que não é capaz, ou por que minha aula não oportuniza a aprendizagem, das mais diversas formas que alcance cada um, em sua individualidade? Respeito as diferentes formas de aprender? Ofereço isso às crianças?


No dia-a-dia, temos pressa em cumprir o planejamento e o currículo, e muitas vezes ignoramos esta reflexão, pelo simples fato de não "termos tempo". No entanto, não podemos deixar passar algumas coisas que são fundamentais para o aprendizado de nossas crianças. Lá na frente, pode trazer baixa autoestima e resultados desastrosos ao indivíduo.


O olhar atento à criança e observá-la na resolução de situações-problema em sala de aula e na vida, são fatores fundamentais para que se oriente de forma mais saitisfatória às suas dificuldades.












quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Alfabetizar abolindo a letra cursiva?


Em uma das minhas aulas do curso de Psicopegadodia, uma das alunas - coordenadora de uma escola de alto padrão - nos trouxe um caso polêmico para o grupo. 
Ela nos contou sobre uma criança, que havia sido alfabetizada em outro país. A mãe era brasileira, por isso o garotinho aprendeu a Língua Portuguesa desde seus primeiros anos, tendo uma educação bilíngue com o auxílio dos próprios pais. 

No país de origem do garoto, as crianças não aprendem a escrever com letra cursiva, apenas letra inpressa. A família se mudou para o Brasil, e o garoto começou a frequentar a escola desta coordenadora. Logo se instalou um conflito, pois os professores e a equipe pedagógica rejeitava a letra de imprensa do garoto e estavam forçando-o cada vez mais a fazer apenas a letra cursiva.

Concidentemente ou não, o aluno que tinha notas exemplares, inclusive na disciplina Linguagem oral e escrita, começou a apresentar falta de interese na escola, e suas notas despencaram em produção escrita. E isso foi afetando as outras disciplinas também, como efeito dominó.

A coordenadora, que trouxe o caso para a aula, sempre brigou com a equipe escolar para deixar que o aluno permanecesse com sua letra de imprensa, afinal, até em nossa escrita há registro de nossa própria identidade - aliás, esse era o assunto da aula no curso. E o garoto, desde sempre, aprendeu a escrever com aquela letra. Consequentemente, nela já estava instalada sua história, seus traços, sua identidade. Mas a equipe escolar batia de frente e dizia que não, que ele deveria escrever apenas com letra cursiva, pois no Brasil, convencionou-se desta maneira.

Fala-se tanto em respeitar a indivualidade da criança, sua realidade, sua bagagem cultural e, quando vemos, escolas de alto padrão, que dizem ter qualidade em excelência, nos apresenta casos como este: algo tão pequeno, destruindo o interesse e a vontade de aprender de um aluno, apenas por causa do formato de uma letra.

Pergunto a vocês: Será que isso é mesmo essencial???

Falando neste assunto, trago para vocês uma matéria muito interessante, que fala exatamente sobre isso! Reflitam... o Espaço Educare está aberto à opinião de vocês: comentem!
Saboreiem a reportagem!
Abs

FLÁVIA



Letras em linhas tortas

 Nos EUA, disseram que os americanos vão escrever de modo “infantil”. No Brasil, chamaram educadores às ruas caso tal medida chegasse ao País. Tudo porque o estado de Indiana tornou opcional o ensino de letra cursiva. Nos próximos anos, ela deve ser banida em definitivo, algo que pode ser seguido por outros 40 estados.


Defensores da proposta argumentam que as comunicações por celulares e computadores tornaram quase desnecessário escrever com papel e caneta. Mas críticos veem nisso algo como um assassínio cultural em massa. Um exagero como a polêmica que envolveu o livro Por uma Vida Melhor, de Claudio Bazzoni, acusado de ensinar a “falar errado”, avalia Luiz Carlos Cagliari, professor da Unesp de Araraquara.


Isabel Frade, professora da Faculdade de Educação e pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da UFMG, diagnostica uma falta de análise mais aprofundada do que é relevante na cultura escrita. “Não podemos defender o ensino só por tradição, mas, sim, pensar se existe uma prática social em que ele se sustenta.”


Para ambos, a letra cursiva não é um fator essencial para a alfabetização. Cagliari, porém, é categórico ao determinar que ela não deve ser ensinada até que o aluno saiba ler. “A escrita da escola, além de ser cursiva, é manuscrita e concatenada. E, por ser concatenada, achamos problemas específicos na alfabetização.” Isso porque diferenciar os caracteres de uma palavra “na letra da professora” pode ser mais complicado para quem está sendo alfabetizado.




Frade avalia que mais importante que o formato é a legibilidade. Mas pondera: “Se pararmos de ensinar letra cursiva, os alunos vão dar conta de textos de gerações anteriores?”


A despeito das diferenças socioeconômicas e culturais que separam as escolas brasileiras das americanas, Cagliari diz não ver problemas no uso de computadores na alfabetização caso o modelo venha a ser adotado no País- algum dia. Todavia, a antecipação de uma possível escola toda digitalizada não é, para Frade, justificativa. “Não se pode pensar  em rompimento histórico nas práticas de escrita. O que varia são os elementos usados para escrever: barro, terra, instrumentos -objetos, pena de ganso, caneta etc.”


O que ficaria de fora, nessa hipótese, seria o lado artístico. “A caligrafia tem importância artística, mas a aula de artes terá de dar conta disso”, diz Cagliari, que aconselha: “O melhor é entender a situação. Ser prudente e não covarde. Queremos viver no mundo dos nossos filhos, não no dos nossos avós”.






FONTE: http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/letras-em-linhas-tortas/