sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

USP, Unicamp e Unesp terão cotas por desempenho

O governo de São Paulo apresentou ontem seu projeto para aumentar para 50% a presença de estudantes de escolas públicas nos cursos das universidades paulistas (USP, Unicamp e Unesp). 
A proposta não prevê reserva direta de vagas. O aluno só será beneficiado se demonstrar alto desempenho acadêmico, ainda que haja risco de que o posto não seja ocupado por um egresso da rede pública de ensino.
O modelo é diferente do adotado nas universidades federais, onde 50% das vagas da graduação serão garantidas a alunos da rede pública -mesmo que as notas deles na seleção sejam mais baixas.
Na proposta desenhada pelos reitores paulistas, os 50% aparecem como uma meta, a ser atingida até 2016 e que pode deixar de ser cumprida caso as políticas de auxílio não tenham o efeito esperado.
A expectativa é que 35% dos beneficiados sejam pretos, pardos e indígenas. 

AÇÕES
Para atingir a meta de 50%, o projeto prevê duas ações.
A primeira é a criação de curso preparatório semipresencial, de dois anos, oferecido a alunos selecionados pelo Enem ou pelo Saresp.
Ao final do curso, chamado de "college", o aluno com o equivalente a nota 7 receberá um diploma superior. Quem quiser seguir os estudos poderá entrar nos cursos de graduação, sem vestibular.
Além disso, será dada uma bolsa mensal de R$ 311 aos alunos de baixa renda participantes desse curso.
O "college" terá 2.000 vagas (sendo mil para pretos, pardos e indígenas). Caso todos os alunos se formem e queiram entrar nas universidades, eles representarão cerca de 40% da meta para 2016.
Os outros 60% deverão ser preenchidos com política de atração de bons alunos da rede pública, cujas ações não estão definidas. Algumas estratégias existentes, como bônus nos vestibulares a esses estudantes, serão mantidas.
A proposta foi elaborada pelos reitores a pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que está pressionado pela política federal de inclusão no ensino superior.
A ideia é reduzir a distorção do sistema educacional: enquanto mais de 80% dos alunos do ensino médio estudam na rede pública, eles são minoria nessas universidades.
A proposta terá de ser aprovada pelos Conselhos Universitários. A previsão é implantar as regras em 2014. 


Professor da USP critica curso semipresencial para cotistas

 Ex-membro do Conselho Nacional de Educação, o professor titular de metodologia de ensino da USP, Nélio Bizzo, critica o curso de dois anos ser feito de maneira semipresencial e afirma que a definição de escola pública para cotas tem de ser revista. Acompanhe a entrevista que ele forneceu à Folha de São Paulo!!!

 

Folha - Qual o problema com cotas para escola pública?

Nélio Bizzo - Sou a favor das cotas, mas, quando falamos em escola pública, pensamos que todas são de periferia. Existem escolas públicas de elite que têm vestibulinhos concorridos, que não deixam de fazer uma triagem socioeconômica dos alunos. 

Como isso poderia ser ajustado?
Deve-se focar as escolas públicas que sejam frequentadas por quem se procura favorecer. É importante discutir o perfil do aluno que quer favorecer, e não o tipo de escola que frequenta. 

Por que o sr. não aprova o curso inicial de dois anos para alunos cotistas?
Partimos de um ponto que acho válido --os alunos chegarão com um preparo inferior. Mas o fato de o curso ser semipresencial é ruim. O aluno, que deveria ter uma atenção redobrada, não vai ter. Esse curso deveria focar mais a preparação do estudante. Dessa forma, isso não acontece.

 


 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Novos números sobre o comportamento de crianças na web


O comportamento de crianças e adolescentes na internet tem sido pauta de estudos e pesquisas que alertam sobre os perigos a que muitos estão expostos. A Fundação Telefônica Vivo divulgou recentemente uma pesquisa realizada no Brasil com 1.948 crianças, entre seis e nove anos, e com 2.271 jovens entre 10 e 18 anos, que revelou que 64,2% dos entrevistados aprenderam a navegar pela internet sozinhos.
Com o tema Gerações Interativas Brasil: Crianças e Adolescentes diante das telas, a pesquisa aponta que na maioria das vezes 58,6% das crianças de seis a nove anos acessam e navegam na internet sem a companhia de outras pessoas. Dentre os adolescentes, esse número sobe para 76,5%. Um dado relevante é que o acesso tem sido feito de um computador localizado no quarto da criança (37,6%) ou do adolescente (39,3%). As redes sociais são utilizadas por 82,2% dos adolescentes pesquisados.
No Reino Unido, uma pesquisa semelhante foi realizada pelo Ofcom, órgão regulador das telecomunicações naquele país. Os resultados mostram que crianças entre 12 e 15 anos não conhecem 25% das pessoas que adicionam em suas redes sociais e, embora cerca de 80% dos pais afirmem supervisionar as atividades de seus filhos na web, menos da metade tem algum tipo de controle instalado em seus computadores.
Outro indicador do relatório é que as crianças chegam a enviar uma média de quase 200 mensagens de texto por semana, sendo as meninas entre 12 e 15 anos, as que mais usam esse tipo de comunicação. Elas chegam a enviar por semana uma média de 221 mensagens.
Confira algumas dicas que podem ser úteis para evitar que as crianças e os adolescentes sejam vítimas da violência sexual na internet.


Pais, responsáveis e professores:

  • Aprenda mais sobre a Internet. Conheça como funciona e as possibilidades de seu uso. Navegue sozinho ou com seus filhos. Peça para eles ensinarem a você o que sabem e navegue algumas vezes.
  • Leia sobre o assunto.
  • Aja com cautela, sem pânico, sem preconceitos.
  • Limite o tempo de utilização da Internet por seu filho, independente da idade.
  • Estabeleça regras razoáveis de uso da Internet, que sejam passíveis de serem cumpridas e seja firme na cobrança. Deixe as regras fixadas perto do computador.
  • Saiba onde seu filho navega, que sites freqüenta. Busque e proponha sites educativos de interesse deles.
  • Peça para ler e participe do que ele escreve e o que coloca em seu blog, salas de bate-papo ou de relacionamentos.
  • Instrua seu filho a não divulgar dados pessoais. Aproveite para lembrar a velha regra: “Não fale com estranhos”. Isso pode servir também para a comunicação virtual.
  • Mantenha o computador em uma área comum da casa e com a tela visível.
  • Caso encontre algum material violento ou ofensivo, explique a seu filho o que pretende fazer sobre o fato. Veja referência de sites de denúncia ao final da cartilha.
  • Opte por programas que filtram e bloqueiam sites.
  • Se surgirem dúvidas, verifique. Não ignore qualquer sensação de insegurança. Prevenir nunca é demais.
Crianças e adolescentes
  • Peça sempre permissão para seus pais quando for entrar na Internet.
  • Não converse com estranhos, nem aceite nada deles na Internet sem autorização de seus pais.
  • Nunca use seu nome verdadeiro nos jogos, no Chat, email ou site de relacionamento.
  • Não dê, nem mostre seu endereço, telefone, nome da escola ou dos parentes.
  • Sempre que acontecer algo estranho, chame um adulto de confiança para denunciar.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Alfabetismo Funcional




O Instituto Paulo Montenegro por meio do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), revelou em seu último levantamento no ano de 2011, novos, porém não otimistas, dados sobre as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros.
Segundo a pesquisa, apenas 62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com ensino médio estão plenamente alfabetizadas e em perspectiva, apenas um em cada quatro brasileiros efetivamente domina as três habilidades.

Manchete em diversos veículos de comunicação importantes do país, a notícia causa polêmica porque incita em alguns a necessidade de encontrar os culpados pelo resultado e ainda medir as inevitáveis consequências do mesmo.

Entre as causas, aponta-se o aumento das vagas, muitas vezes sem qualidade, no ensino superior; a má formação dos professores, o pouco investimento em Educação e, ainda, as más condições de um adolescente permanecer na escola. 

Entre as consequências, pensou-se, na maioria dos casos, na situação econômica do indivíduo e do país, em sentido geral.

Acontece que o analfabetismo funcional não relaciona-se apenas com a economia. Obviamente não há como termos profissionais qualificados com índices tão desastrosos, porém; não é possível também que tenhamos a capacidade de consumir literatura de qualidade, escolher e calcular o valor real dos produtos, opinar nos assuntos de nosso interesse, avaliar a qualidade das informações que a mídia, as telenovelas e os políticos nos ofertam, tampouco de nos defender enquanto consumidores  entre tantas outras ações que constituem direitos básicos do ser humano enquanto cidadão.

Como aponta Paulo Freire no livro Ação Cultural para a Liberdade, (Paz e Terra, 1981):

    "Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma 'chaga', nem uma 'erva daninha' a ser erradicada, nem tampouco uma enfermidade, mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta. Ninguém é analfabeto por eleição, mas como consequência das condições objetivas em que se encontra. Em certas circunstâncias, o analfabeto é o homem que não necessita ler; em outras, é aquele ou aquela a quem foi negado o direito de ler."