É essa educação que queremos?
quinta-feira, 18 de abril de 2013
terça-feira, 9 de abril de 2013
Por dentro do cérebro
Responsável por curso de formação em Neuroeducação, Alfred Sholl-Franco
defende interação entre neurociência, ciências cognitivas e educação
como forma de melhorar o aprendizado.
Duas vezes por ano, turmas de educadores se reúnem na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para aprender conceitos oriundos da
neurociência e das ciências cognitivas. O objetivo do curso, segundo o
coordenador Alfred Sholl-Franco, é discutir como esses conhecimentos
multidisciplinares podem ajudar a compreender melhor os processos de
ensino-aprendizagem que acontecem na sala de aula. Doutor em Ciências
Biológicas, Sholl-Franco, 41 anos, é também coordenador do Núcleo de
Divulgação Científica e Ensino de Neurociência,Ciências e Cognição
(CeC-NuDCEN) da UFRJ, responsável pela promoção do curso de formação
continuada em Neuroeducação.
A Carta Fundamental, o especialista conta o que é neuroeducação, alerta para as deturpações no campo e explica como os conhecimentos em neurociência se relacionam com as teorias educacionais tradicionais.
A Carta Fundamental, o especialista conta o que é neuroeducação, alerta para as deturpações no campo e explica como os conhecimentos em neurociência se relacionam com as teorias educacionais tradicionais.
Carta Fundamental: O que é neuroeducação?
Alfred Sholl-Franco: A neuroeducação é uma área de
estudo que trabalha com a interação entre a ciência cognitiva, a
neurociência e a educação. Desde 2004, a sociedade internacional, que é
chamada de International Mind, Brain, and Education Society (Imbes),
tenta entender melhor como essas grandes áreas podem contribuir para
melhorar a educação. O que muitos acreditam ser apenas a neurociência
ajudando a educação é na verdade um trabalho conjunto,
multidisciplinar, que visa promover um melhor desenvolvimento dos
recursos educacionais, tanto no que diz respeito aos processos do
desenvolvimento normal quanto daqueles relacionados às falhas do
desenvolvimento, problemas ou patologias. Aí se incluem também quadros
patológicos que afetam o ensino-aprendizagem e a própria relação
aluno-ambiente, como autismo, distúrbios de aprendizagem. O interesse
maior da neuroeducação é proporcionar um melhor entendimento dos
processos de ensino e de aprendizagem. Conhecendo esses processos, é
possível promover sua melhora e facilitar não
só o processo de aprendizagem para os alunos, mas também o processo de ensino para os docentes. É uma coisa que não deve ficar restrita à comunidade acadêmica.
só o processo de aprendizagem para os alunos, mas também o processo de ensino para os docentes. É uma coisa que não deve ficar restrita à comunidade acadêmica.
CF: Então se trata de uma área nova do conhecimento?
ASF: É uma área nova, por isso também sujeita a deturpações e oportunismos. Como apresentar
uma cura para tudo ou colocar muitos comportamentos como doenças. A neuroeducação é um campo emergente e está sujeito a apropriações, esse é o grande perigo e o grande destaque que eu gostaria de fazer. Muitos estão usando esse termo neuroeducação para se aproveitar e divulgar métodos extraordinários, facilidades para aprendizado e assim por diante, o que na maior parte das vezes não é verdade.
uma cura para tudo ou colocar muitos comportamentos como doenças. A neuroeducação é um campo emergente e está sujeito a apropriações, esse é o grande perigo e o grande destaque que eu gostaria de fazer. Muitos estão usando esse termo neuroeducação para se aproveitar e divulgar métodos extraordinários, facilidades para aprendizado e assim por diante, o que na maior parte das vezes não é verdade.
CF: Como esse conhecimento pode ajudar um professor a trabalhar em sala de aula?
ASF: O principal ganho na convergência dos
conhecimentos oriundos da área de ciências cognitivas, da neurociência e
da própria educação tem sido entender melhor os processos de
aprendizagem, da memória,da aquisição da linguagem e até dos ciclos
biológicos, como o período de sono. O conhecimento desses fenômenos
facilita uma melhor exploração do processo de ensino-aprendizagem. A
aquisição de conhecimentos pelos estudantes será melhor nse quem estiver
transmitindo esses conhecimentos entender como o sistema está preparado
para absorvê-los. Conhecer esses processos cognitivos e físicos de
desenvolvimento de crianças, jovens e adultos favorece tanto o processo
de transmissão do conhecimento quanto o entendimento de como aquela
mente que está recebendo as informações irá trabalhá-las.
CF: Então o conhecimento desses processos favorece o professor?
ASF: Não só o professor, mas também o coordenador
pedagógico, o diretor, todos que estão relacionados com o processo de
ensinoaprendizagem.O ato de aprender está relacionado às modificações no
sistema nervoso decorrentes de sua exposição a novas informações e ao
modo como trabalhamos o conhecimento que já possuímos, o que fazemos não
apenas no ambiente escolar.
CF: De que forma os conhecimentos da neurociência e das ciências cognitivas se relacionam
com as teorias da educação?
ASF: Antigamente, todos aqueles cuja graduação estava
envolvida com docência aprendiam os teóricos da educação, como Piaget e
vários outros. Pelo trabalho conjunto de educadores e neurocientistas e
dessa visão multidisciplinar que caracteriza a neuroeducação, é possível
discutir as teorias sob um olhar mais amplo. Um exemplo da aplicação é a
escola de desenvolvimento piagetiana que relaciona determinados
comportamentos a idades estabelecidas. Hoje em dia temos trabalhos da
área de educação que confirmam dados neurobiológicos, que precisavam
de um paralelo funcional, enquanto muitos dados neurobiológicos explicam
fenômenos observados inicialmente em um contexto apenas educacional.
CF: Quais avanços ou descobertas da neurociência estão ligados ao processo de ensino-aprendizagem?
ASF: Atualmente existem vários estudos que ampliam o
conhecimento de dificuldades de aprendizagem como discalculia, a
dislexia e outros processos englobados dentro dos distúrbios de
aprendizagem, como também o autismo e o TDAH. No caso do TDAH em
particular, eu tenho um aluno que faz um estudo entre exergames, jogos
como o Wii e o Kinect, que trabalham com o movimento corporal. Existem
estudos que mostram que o trabalho físico coordenado com o trabalho
mental leva a uma melhora cognitiva, uma melhora de aprendizado. Na
verdade, no caso desse estudo em particular, como a criança tem de fazer
uma relação entre o trabalho de corpo e tarefas exigidas, dados
preliminares mostram que há uma melhora no tempo de reação, que bé o
tempo que a pessoa leva para apresentar uma resposta a um estímulo
sensorial. A criança com TDAH tende a se dispersar mais e a não se
concentrar no objeto que ela está observando. A prática regular desses
jogos mostrou uma melhora no desempenho do tempo de reação e da atenção. Essa é uma maneira de você aplicar esse conhecimento como um coadjuvante na melhora atencional dessas crianças.
jogos mostrou uma melhora no desempenho do tempo de reação e da atenção. Essa é uma maneira de você aplicar esse conhecimento como um coadjuvante na melhora atencional dessas crianças.
CF: De que forma os professores de Educação
Infantil poderiam aproveitar melhor os conhecimentos da neurociência em
sala de aula? Quais conhecimentos são importantes?
ASF: Principalmente os estágios de desenvolvimento
motor e cognitivo. Por exemplo, não adianta eu querer algo acima do que o
sistema pode comportar. Ou seja, não adianta entulhar o aluno de
informações. Ao mesmo tempo, é preciso saber que todos nós somos ávidos
por informação. Costumo dizer que uma criança tem 12 olhos: dois olhos
mais dez dedos. Só o olhar não basta, tem de sentir, tem de construir
novos circuitos cerebrais que representem essas. Então não basta para
uma criança só ver um objeto. Os sensoriais – tocar, cheirar – são muito
importantes. Se eu sei dessa necessidade do sistema por informações e
eu preciso cumprir o currículo, como explorar melhor? Por exemplo, se
vou falar de cores na Educação Infantil, posso levar frutos de cores
diferentes, que servirão para as crianças apalparem, sentirem seu
cheiro. Se o professor de Educação Infantil conhece melhor a mente e o
desenvolvimento dos processos cognitivos das crianças, ele poderá
aproveitar melhor as ferramentas com as quais poderá passar essas
informações.
CF: A formação atual recebida pelos professores contempla de alguma forma os últimos conhecimentos sobre a neurociência?
ASF: Não. Na maior parte das vezes, o que temos de
maneira muito fraca são disciplinas de fisiologia ou de anatomia e
fisiologia, que são ministradas de forma fragmentada, o que não permite a
aplicação desses conhecimentos no processo de ensino-aprendizagem. Mas é
uma tendência agora. Estamos iniciando na UFRJ, na USP, na UFRG e na
UFRN. Pontualmente, temos grupos fazendo esse tipo de trabalho, partindo
da formação de novos profissionais que sairão para o mercado de
trabalho. Mas não basta introduziresse tipo de conhecimento para as
pessoas que vão entrar no mercado de trabalho. Por isso criamos o curso
de formação continuada em neuroeducação, que não existe em outro lugar
do Brasil. Nosso objetivo é pegar profissionais que já estão em sala de
aula e proporcionar a eles uma forma de se prepararem melhor para o
desafio que é o processo de ensino-aprendizagem.
CF: As descobertas da neurociência têm sido levadas em conta na formulação de políticas públicas de educação?
ASF: Nós temos um problema geral, que foi colocado para
o público pela mídia e pelo governo, que é a questão da pontuação do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Isso expôs um
problema que já existe há muito tempo. Se analisar as notas do Ideb do
Brasil inteiro, por região e pegar o Rio de Janeiro em particular, você
perceberá que o Rio tinha um nível muito baixo. De cinco anos para cá, o
governo tem valorizado mais e se aplicado mais no processo de levar
conhecimentos e informações da academia para as escolas. É uma
preocupação muito forte. No Rio temos tido um investimento
significativo.
CF: Como funciona o curso de neuroeducação que o senhor ministra para educadores?
ASF: O curso de formação continuada ocorre duas vezes
por ano, sempre em janeiro e julho. Em Belford Roxo (RJ) temos também
minicursos de formação continuada. Começamos o curso explicando o que é
neuroeducação, como a neurociência e as ciências cognitivas podem
contribuir com a educação. Em seguida, estudamos o desenvolvimento do
sistema nervoso e assim eles descobrem, por exemplo, as etapas do
desenvolvimento motor, sensorial, cognitivo. Depois vamos para os
estudos dos sensoriais, que são as portas de entrada da informação em
nosso sistema, e depois para os sistemas motores. Nos sistemas motores,
falamos do desenvolvimento motor da infância até a velhice e abordamos
também as respostas autônomas do organismo. Em seguida, vamos para os
processos de aprendizagem e de formação de memória. Todas as aulas são
compostas de teoria e prática, isso torna o curso dinâmico. No quarto
dia, abordamos os processos de linguagem e os distúrbios de
aprendizagem. No último dia, fechamos com os ciclos biológicos, a
importância do sono, o processo de fixação de memória durante o sono
etc. O curso se encerra com o desenvolvimento de novas atividades
práticas pelo participante. Uma coisa interessante é que 70% do nosso
público é formado por profissionais da escola pública. A grande demanda
tem vindo de lá.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/por-dentro-do-cerebro/
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Ômega 3 contribui para o desenvolvimento do sistema nervoso
Peixes devem ser consumidos pelo menos uma vez na semana, recomenda nutricionista da Unesp
Angela Valéria Pellizzon Barbin, nutricionista da Unesp em Botucatu, afirma que o consumo de ômega 3 contribui para o desenvolvimento do sistema nervoso de crianças com até 2 anos.
Explicativo, objetivo e extremamente interessante!
=)
http://podcast.unesp.br/radiorelease-01042013-peixes-devem-ser-consumidos-pelo-menos-uma-vez-na-semana-recomenda-nutricionista-da-unesp
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